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Editorial da APEMNewsletter - Outubro - 2021
A Música no centro da música
Durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, na conferência “Da democratização à democracia cultural: repensar instituições e práticas”, realizada no Porto Santo, em abril de 2021, foi apresentada a Carta do Porto Santo1.
Esta Carta - que a todos recomendamos a leitura – uma iniciativa portuguesa, amplamente discutida e aprovada, dirige-se a decisores políticos europeus, organizações culturais e educativas e aos cidadãos europeus, e constitui-se como “um mapa orientador dos princípios, das políticas, dos discursos e das práticas culturais e educativas, para aplicar e desenvolver um novo paradigma, o de democracia cultural na Europa”.
A explicação muito clara dos diversos conceitos apresentados neste documento, torna-se essencial para nos situarmos e podermos perceber do que se está a falar quando se nomeia a cultura, a democracia cultural e a democratização da cultura para se chegar a um propósito: a cidadania cultural e educação.
“Para promover a cidadania cultural, temos de colocar a cultura, entendida deste modo plural e participado, no coração das políticas educativas, e a educação no centro das políticas culturais. Para que cada um possa participar na cultura de todos, de forma emancipada, tem de ter condições para que isso aconteça. É decisivo reconhecer as instituições culturais como território educativo — do mesmo modo, que as escolas são polos culturais.”
Partimos desta Carta de referência e das recomendações que nela são feitas para os fundamentos do nosso próximo Encontro Nacional. Como sempre, assumimos a nossa responsabilidade associativa na reflexão e conceção de práticas culturais artísticas, musicais e formativas que queremos ver espelhadas nestes encontros anuais de partilha da comunidade de professores de música. O Encontro Nacional da APEM 2021 centra-se na Música e na sua defesa como oferta curricular para todos, nas suas múltiplas e diversificadas faces, abrangências de estilos, épocas e geografias e que a colocam no centro dos processos de ensino e aprendizagem: A Música no centro da música.
Na concretização desta ideia, trazemos a Professora Patricia Shehan Campbell, personalidade de referência no mundo da etnomusicologia e da educação musical global. É com a “pedagogia da música do mundo como caminho para a compreensão intercultural” - tema da sua conferência - que abrimos este XV Encontro, seguindo-se, nos dias posteriores as apresentações dos Professores Maria Helena Vieira e Eduardo Lopes que visam o enquadramento das práticas musicais de ensino da música em várias vertentes, nomeadamente sobre o ensino instrumental em grupo e sobre o como, o quê e o porquê no ensino da música. Nas várias sessões em simultâneo onde se irão desenvolver os temas mais específicos, convidámos os Professores Rui Pintão, Hugo Brito, Helena Cabral, Ricardo Gabriel, Susana Henriques e Susana Maia Porto para partilharem as suas experiências pedagógicas práticas, vividas e investigadas e os desafios que diariamente se colocam nos diferentes contextos educativos. No último dia do Encontro dinamizamos um fórum para a discussão de estratégias da oferta de mais ensino artístico e musical nas escolas. Posicionamo-nos do lado das soluções, apresentando situações concretas e/ou hipóteses de concretização de práticas artísticas e musicais sustentáveis dando voz a quem as pratica e vive. E para este Fórum convidámos a Carolina Gaspar e o José Carlos Bago d’Uva para apresentarem e partilharem os projetos musicais e artísticos que coordenam e que oferecem, de formas diferentes, mais música nas escolas.
Se compreendermos que o paradigma educativo do ensino e da aprendizagem se tem movido de centrado na matéria para o centrado no aluno, a trajetória atual é visivelmente e positivamente a educação centrada no mundo (Bieste, 2022)2 . Ou seja, o que se pretende evidenciar neste Encontro de partilhas é que a Música no centro da música na educação poderá dar-nos uma perspetiva para pensar sobre a própria música - os papéis que a música desempenha para indivíduos e grupos, os múltiplos comportamentos das pessoas que a cantam, dançam, tocam, inventam, adaptam e ouvem e formas como a música é aprendida e ensinada.
Para os professores, as culturas musicais do mundo podem ganhar vida na vida de seus alunos através do seu envolvimento ativo como ouvintes, intérpretes e criadores de música (Campbel, P. 2004)3.
Manuela Encarnação
1 https://www.culturacentro.gov.pt/media/11842/pt-carta-do-porto-santo.pdf
2 World-Centred Education A View for the present, NY, Routledge.
3 Teaching Music Globally – Experiencing Music, Expressing Culture, NY, Oxford University Press
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