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Editorial da APEMNewsletter - Maio - 2020

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A música na educação no novo normal

Se há coisa que a situação que vivemos nos trouxe foi a certeza da imprevisibilidade. Este tempo trouxe-nos a concretização do imprevisto. Não sabíamos que algo de estranho à nossa vida normal coletiva podia acontecer, de facto, na prática, no nosso dia a dia. Mas aconteceu e tudo mudou de um dia para o outro.
Entrámos numa ficção real.

O alerta COVID-19 em Portugal surgiu no dia 13 de março e passados mais de dois meses estamos num processo de desconfinamento gradual, também ele imprevisto nas suas consequências, para assim entrarmos numa normalidade a que, forçadamente e obrigatoriamente, nos vamos habituando. E o que será a normalidade despois desta pandemia se tornar endémica1 como já é apontado por cientistas e pela OMS2?
Só ficaremos a saber dia após dia - e serão precisos muitos dias.

Será que podemos vislumbrar e mesmo estruturar uma nova normalidade para a música na educação?

É já quase um lugar comum dizer que uma crise (nunca desejada) pode ser uma oportunidade, mas não deixa de ser uma verdade.

A organização do próximo ano letivo pode ser uma oportunidade para melhorar a escola a vários níveis, nomeadamente no desenvolvimento de um novo paradigma da música na educação.

E em que é que se pode traduzir um novo quadro de intervenção para a música nas escolas?

Aqui ficam alguns desafios aos professores na sua intervenção nas comunidades educativas a que pertencem:

  • Assumir um papel mais decisivo e influente na relação entre as crianças e jovens e a música, como património musical e cultural diversificado e significativo;
  • Criar e/ou usar recursos musicais digitais de forma a rentabilizar o tempo musical da sala de aula;
  • Manter e desenvolver meios e formas de comunicação e informação tecnológica para apoiar as aprendizagens dos alunos e a regularidade do feedback;
  • Desenvolver, cuidar e aperfeiçoar os processos de aprendizagem ativa em sala de aula recorrendo intencionalmente a situações onde exista o fazer musical/criar, questionar e refazer, sistematizar, explorar e mostrar nos mais diversos cenários/ projetos/ situações;
  • Assumir as finalidades da música na educação como multifacetadas e não apenas para o desenvolvimento de competências musicais técnicas. As medidas de sucesso teriam que ir além da obtenção de “notas”, poderia ser oferecida uma gama mais diversificada de programas de música e poderia ser dada mais atenção à produção musical inclusiva com o foco nos resultados sociais e outros.

No caso específico da música no ensino geral, é fundamental aproveitar a autonomia e flexibilidade curricular para se assumir projetos curriculares na dimensão artística e musical capazes de mobilizar os alunos a aprender e a construir a sua identidade criativa.

Neste contexto, as aprendizagens essenciais em música assumem-se como um documento de apoio às decisões curriculares dos professores e a partir delas, - não de conteúdos musicais isolados, desligados das realidades musicais dos alunos e da própria música, - conduzir os alunos à vivência e interiorização dos processos artísticos, criativos e musicais.

É também com os nossos pequenos passos quotidianos que criamos e provocamos uma nova normalidade capaz de gerar grandes mudanças nos processos de ensino e aprendizagem, na relação pedagógica com os alunos e na sua relação com o conhecimento.

Para a decisão de políticas educativas das áreas da educação e ensino artístico, urge mapear caminhos artísticos e musicais diversificados e não apenas para jovens excecionalmente talentosos que seguem para as orquestras, por exemplo, no caso da música. Na realidade, os jovens progridem artisticamente e musicalmente de muitas maneiras diferentes, dentro e fora do palco e, nesse sentido, há que garantir uma oferta mais criativa, diversificada, acessível e que reflita a indústria artística e musical do mundo real.

1https://sicnoticias.pt/especiais/coronavirus/2020-05-16-Coronavirus-pode-tornar-se-endemico

2 https://www.publico.pt/2020/05/13/ciencia/noticia/novo-coronavirus-erradicado-avisa-oms-1916469

Manuela Encarnação


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